Um Bate-Papo com “Baseball Joe” – O maior fã de beisebol que existe

Um Bate-Papo com “Baseball Joe” – O maior fã de beisebol que existe

Posted by Kurt Smith

Eu conheci o Joe Vogel em 12 de Junho de 2016, enquanto me encontrava com um amigo e companheiro de viagem Dan Davies e o seu grupo de amigos viajantes que me convidaram para ir com eles para Pittsburgh.

Estava um dia perfeito no maravilhoso PNC Park enquanto os Pirates se preparavam para uma batalha de fim de tarde contra os Cardinals.

Naquele dia, porém, beisebol não era a única coisa na mente dos fiéis torcedores dos Bucs.

Sidney Crosby e os Penguins estavam em San Jose naquela noite, prontos para trazer a quarta Stanley Cup para a cidade. Eles realmente fizeram isso algumas horas depois que o jogo de beisebol terminou. Uniformes, camisas e bonés dos Penguins eram vistos em grande número para uma plateia de beisebol.

Em certo ponto, durante o jogo, um jovem torcedor fez uma “zueira”: apareceu com uma Stanley Cup de papel laminado, quase em tamanho natural e passeou com ela orgulhosamente por uma seção do estádio no “right field”. Ele foi aplaudido de pé pelos que estavam assentados por ali.

Mas, apesar de ser um nativo de Pittsburgh, Joe Vogel não estava gostando nada daquilo.

Sem aviso, como se o dever o chamasse, ele salta da sua cadeira no “Right Field Cove” (uma seção específica de assentos no PNC Park) e desaparece no meio das arquibancadas. Segundos depois, ele era visto andando ali perto de onde estava o cara que carregava a taça. Para grande diversão dos seus amigos do “Cove”, Vogel passou vários minutos numa busca determinada por aquele cara que, a esta altura, já estava longe há muito tempo.

O riso na seção do Vogel aumenta à medida em que a sua busca determinada continua muito além do tempo que aquela situação merecia. Porque após várias entradas sentados com aquela figura, eles sabiam exatamente porque ele estava atrás daquele orgulhoso fã de hóquei.

Era para envergonhá-lo. Para olhar para ele com uma cara feia. Para educar aquele jovem rapaz sobre as prioridades.

Isso, porque o “Baseball Joe Vogel” vai sempre deixar claro que só o beisebol importa. Todos os outros esportes são perda de tempo.

baseball joe pirates

O único torcedor que pode jogar uma bola de beisebol pela área do estádio sem enfrentar problemas.

“Baseball Joe” é surdo e mudo em função de 3 derrames debilitantes. Ele se comunica através de gestos e sinais de mão, com um pequeno teclado, ou um pequeno alfabeto num pedaço de papel dobrado.

Ele mora num apartamento no centro de Pittsburgh pertinho do PNC Park, atravessando a ponte Roberto Clemente. Beisebol, especialmente o beisebol dos Pirates, é a sua vida. E assim tem sido desde que ele era um garoto. Ele se auto proclama “o maior fã de beisebol que existe” e até agora, no meu quase meio século de existência, eu ainda não encontrei alguém tão fanático por baseball quanto Joe… nem mesmo o meu pai, que considerava ser o maior fã desse esporte.

Os Pirates o conhecem bem. Ele vez por outra joga e apanha umas bolinhas com o técnico Clint Hurdle e até mesmo o aconselha algumas vezes por e-mail. Cortesia de um time que ama a sua dedicação, ele tem ingresso de sócio torcedor e vai a todos os jogos na seção coberta para portadores de necessidades especiais que fica no campo direito, embaixo da arquibancada, pois não consegue ficar no sol durante muito tempo. Ele, talvez, seja o único torcedor no PNC Park que não liga para aquele cenário pitoresco da cidade.

Sentado com ele, é quase impossível prestar atenção ao jogo, especialmente num dia em que os rebatedores adversários começaram com tudo contra os arremessadores dos Pirates, como os Cardinals naquela noite. “Baseball Joe” é tão divertido quanto a ação em campo… constantemente conversando com espectadores ao seu modo, pacientemente se comunicando com o seu teclado ou o seu surrado pedaço de papel quando as pessoas têm dificuldade de entender os seus gestos. Ele carrega uma bola de beisebol que ele frequentemente joga para funcionários que, casualmente, a jogam de volta pra ele, conhecendo o procedimento habitual. Durante o jogo, empregados de outros times aparecem para cumprimenta-lo. Ele constantemente ganha souvenires e parece ter um suprimento sem fim de copos de refrigerante colecionáveis, um dos quais, ele dividiu comigo.

Ao longo da noite, risadas são ouvidas na seção onde estávamos tanto pelo seu conhecimento do beisebol quanto por suas duras críticas aos torcedores que não respeitavam o jogo o suficiente.

Em um certo ponto, ele me pergunta se eu gosto de algum outro esporte. Esquecendo-me do seu desdém por aquele fã de hóquei eu falei pra ele que eu gosto de NASCAR também e ele balançou a cabeça. Ele fingiu estar dirigindo um carro, depois olhou pra mim com cara brava e fez o símbolo de “vergonha” com os dedos. Depois, segurou a bola de beisebol e fez um movimento circular com o dedo. Eu, então, entendi: “Beisebol o ano todo”.

Durante toda a noite, ele nunca parou. Com o seu teclado ele mandou várias perguntas sobre beisebol pros seus amigos, como “Cite dois jogadores no Hall da Fama que tenham o mesmo primeiro e segundo nomes.” Um sabichão no grupo responde com um tom pedante como se estivesse certo da resposta: “Ken Griffey Senior and Ken Griffey Junior!”.

Enquanto o resto do grupo gargalhava, Joe sorri, vira pra mim e informa: Henry Louis Aaron and Henry Louis Gehrig, or Joseph Paul DiMaggio and Joseph Paul Torre.

Mais tarde, Dan, que levou Joe com ele e seu grupo a vários estádios da liga e ao Hall da Fama, me contou a história de ele arrasando nas enquetes feitas por lá. Se houvesse uma edição de beisebol do “Jeopardy” (jogo de perguntas e respostas muito famoso nos EUA), “Baseball Joe” ganharia de qualquer adversário.

PNC Park Front gate

A casa do Baseball Joe

“Baseball Joe” detém o título de ser o primeiro fã a pedir o meu autógrafo, pelo menos como um autor de livros sobre beisebol.

Num jogo dos Pirates, ele me pediu para enviar pra ele o guia digital do PNC Park autografado. Ele também me deu instruções precisas: “certifique-se de assinar com o seu nome completo, incluindo o nome do meio e o faça em ordem”, coisa que eu não estou acostumado a fazer já que a minha assinatura é um garrancho horrível. Ele é um perfeccionista, especialmente no que diz respeito ao beisebol.

Joe amou o “e-guide” do PNC PARK e delirou sobre ele num e-mail… uma medalha de honra pra mim… mas ele também fez algumas sugestões: falar um pouco mais sobre os assentos, incluir mais fotos nos espaços em branco e, talvez, falar um pouco mais sobre a comida e outras coisas. Ele é a primeira pessoa a reclamar comigo dizendo que não há informações SUFICIENTES num “e-guide”.

Ele tem me pedido repetidamente para enviá-lo guias sobre o Wrigley Field e o Busch Stadium in St. Louis (este último eu ainda vou escrever). Eu sempre fico feliz quando tenho plateia.

citizens bank park philly

O lado oeste do Citizens Bank Park.

Alguns dias depois daquela experiência em Pitsburgh, eu me encontrei com o “Baseball Joe” e o grupo de novo, dessa vez no Citizens Bank Park, na minha cidade natal, Filadélfia. Eu arrumei pra eles um lugar para estacionar o carro de graça e me assentei com eles no andar superior na hora do jogo. Durante a noite, Joe, novamente, me manteve mais entretido do que a ação em campo.

Eu contei pra ele que eu torço pros Orioles e ele levantou os dedos. Primeiro um sete e depois um um. Eu logo saquei. A World Series de 1971. Os Pirates sobre os Orioles em sete jogos. Eu tinha três anos.

Então ele fez um “7” e um “9” com seus dedos. 1979. Os Pirates, liderados por Pops Stargell, viraram uma série que estava 3 a 1 para, mais uma vez, baterem os Orioles em sete jogos. Minha reação foi tombar a minha cabeça e fingir enxugar as lágrimas dos meus olhos, ilustrando a decepção de um pequeno torcedor dos Orioles de 11 anos. Eu não dancei NUNCA MAIS “We Are Family”, informo a ele. (Em 1979, quando os Pirates ganharam a World Series, eles se uniram, porque a mãe do técnico Chuck Tanner tinha morrido. Então, eles adotaram a música “We Are Family” do trio Sister Sledge como música tema.)

Ele acena com a cabeça, entendendo. Ele também faz o gesto de esfregar os olhos mencionando o péssimo desempenho dos Pirates por tantos anos.

Ele me pergunta qual o meu jogador preferido e, quando eu digo Cal Ripken Jr, ele rapidamente traz com o seu teclado uma estatística pra mim: “A média de aproveitamento mais baixa de um jogador com 3000 rebatidas.”

Quando eu mostro pro Joe uma foto da minha filha posando com bichos de pelúcia vestidos com uniformes de beisebol que eu trago pra ela das minhas viagens ele brevemente digita no teclado e me mostra: “Você é abençoado. Eu não tenho família.”

Eu instantaneamente me senti não só triste por ele, mas também culpado por alguma eventual insatisfação que eu sinto com a minha própria vida. Ele está certo. Eu sou muito abençoando. Eu não só tenho duas crianças lindas e saudáveis, eu ainda tenho tempo para o único esporte que importa.

baseball joe

O maior fã de beisebol que existe.

Muito depois que a multidão deixou o Citizens Bank Park naquela noite, “Baseball Joe” conseguiu deixar alguns funcionários sem jeito, já que resolveu sair da parte dos assentos somente depois de juntar tantos copos de refrigerantes de coleção, quanto ele podia. Dava pra ver claramente a agitação crescendo nos olhos deles enquanto eles antecipam o confronto (Ao fim de qualquer jogo nos EUA passado algum tempo, os funcionários começam a impedir que se transite ou até mesmo se permaneça dentro do estádio). Joe parece ignorar à aproximação da “polícia do estádio”, mas ele sai da área dos assentos no exato momento anterior em que o funcionário começar a ficar irritado. Ele é um expert nisso.

De volta ao hotel em que eles estavam hospedados, “Baseball Joe” e eu posamos para uma foto e ele me surpreendeu com um grande abraço! Aparentemente, eu deixei uma boa impressão. Eu fiquei feliz que ele não se chateou comigo por eu ter mostrado a ele as minhas fotos de família.

“Baseball Joe” e eu trocamos e-mail com frequência. Nos seus e-mails o assunto é quase sempre Beisebol. 24 horas por dia. 7 dias por semana. 366 dias por ano – se assegurando para não perder nem mesmo o dia extra do ano bissexto. Seus e-mails são geralmente breves, mas sempre muito atenciosos, desejando “bom feriado” para minha família e pra mim, me pedindo para mandar mais “e-guides” quando eu puder e dividindo comigo seus pensamentos sobre o destino dos Pirates. Logo depois que o time de Pittsburgh não foi para os Playoffs em 2016, ele me mandou um e-mail escrito: “Pirates eliminados – eu choro.” Por 33 anos e contando, esse fã dos Orioles sabe bem o que é isso.

Eu sempre fico feliz quando tenho notícias do “Baseball Joe”, porque sempre que eu penso nele, ele está certo. Outros esportes são perda de tempo.

E “Baseball Joe” sabe como ninguém que o nosso tempo é muito valioso para ser desperdiçado.

 

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